quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Querida Familia...

Olá querida mãe, escrevo-te agora, porque tive a oportunidade e a boa fortuna de pararmos no Cais de Santa Apolónia, aqui em Lisboa depois da fatídica viagem a que fomos submetidos, esperando apenas o navio que os Britânicos enviaram para nos levar à França. 
Bom, tenho de vos pedir desculpas por só agora escrever-vos, mas não tive forma de o fazer.
Não tive a oportunidade de vos dizer isto aquando da minha partida, mas quero que saibam que, embora não sinta estar a fazer o certo, também não sinto o errado na minha vontade. Não tenho sido o que se possa apelidar de um orgulho de filho, por isso parto para a guerra, para meu pai e a senhora me aceitarem como filho amado e que tenham tanto orgulho em fazer referência a mim como o fazem com o meu irmão Vlademiro.
Fui para Tancos, onde fiz a minha instrução à tropa,  e fui incorporado no 4º Exército, 3º Bateria de Guarnição, na 9º companhia e estive lá 6 meses e viemos, com pressa, acredito eu pois não nos deixaram almoçar e mandaram-nos preparar o saco para virmos para Lisboa, para embarcarmos para França.
Não sei o que me espera lá, apenas sei que algo se passa de preocupante com esta pressa toda.
Quero que saibam que vos amo, e espero voltar para os vossos braços.
Com todo o carinho e amor.
Alípio Saraiva

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