sábado, 13 de novembro de 2010

Carta da verdade

Não quero escrever muito nem adentrar no que eu considero uma afronta para a literatura, mas terei de o fazer.

Quero deixar aqui a minha marca, o que eu fiz, e o que foi a minha vida, e as razões para em breve, fazer o que projectei.

Foi uma vida comparada ao mar, que ora está calmo, ora está agitado.
Tive os momentos em que dei tudo pelos outros, mas tudo o recebi dos outros foi um nada.
Tomara, a confiança depositada e as preocupações crescentes não me permitiram ter uma vida dedicada a mim, e talvez ao que poderia ter sido, mas não foi, uma vida vivida.

Foram esses 64 meses e 10 dias que me mostraram o que é viver realmente, o que o amor é, o que ele nos faz ser, e o caminho que se percorre, equivale estar entre uma estrada onde se tem rosas e flores de um lado, e areia e rochas de outro.
Não pude percorrer ambos os lados ao mesmo tempo, porque onde estive muito tempo por meio das rosas e das flores, tivesse eu feito a transição para o outro lado, e ficaria acordado e consciente e não a viver um sonho, onde a razão não entra e reina a emoção.

Tenho de admitir, viver num sonho é a coisa mais linda e perfeita que pode existir, é ser feliz no seu máximo, desfrutar da nossa própria existência.
Neste mundo, todos somos amantes fervorosos, todos temos essa veia, que se transforma em várias, veia essa que não é revelada ao mundo, porque faltar a oportunidade.
Então, o que esperam vocês? Vão em busca dessa oportunidade, porque esperar por ela, é o mesmo que ver o comboio da vida a passar, e a passar, até que se acaba, e os lamentos tomam lugar ao que já foi um corpo jovial e alegre.

Se a vida é apenas viver e manter a rotina, declaro que ter uma rotina não é viver a vida, mas ser apenas algo controlado à distância.
Fui controlado ao longo da minha vida, mas no curto espaço de tempo em que vivi o sonho, libertei-me e soube o que a vida realmente é.

Não tenho outra solução, talvez Machiavelli tinha outra visão, e por essa visão sigo, na espera de ventos favoráveis ao destino conhecido e incerto.

Não contarei o que é realmente a vida, porque saber isso, seria ir contra o que de mais nos faz humanos e animais, seria negar a nossa própria existência, porque saber esse segredo, é saber a razão para o que vou fazer.
Muitos querem a perfeição, mas será que realmente a querem? O que virá depois dela? Julgam vós que a vida será melhor depois de a alcançarem? Serem motivo de inveja, traição, ciúmes, chacota?
Realmente acham que a perfeição é algo que valha a pena para o fio da vossa vida?
Por causa dessa perfeição, e pelo que sou e tive, não tenho outra alternativa senão acabar com tudo.

E acabo tudo com o último fôlego nesta folha, neste resquício da minha existência, no que já fui, e já não sou.

Como tal, resta-me apenas despedir-me e agradecer aos meus amigos, familiares e a todos o que se importaram comigo, e me deram da vossa atenção.

Até a uma nova existência, e um novo ser.

Rodrigo Lamiar

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