domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pergunto, de forma legítima mas receoso, se realmente caminhavam para a morte, ou apenas para a liberdade, todos os Homens que viam a chaminé a arder, e sabiam que eram apenas almas a alimentarem tal chaminé.
A morte é engraçada, pois cada pessoa pode dar-lhe o significado e sentido que bem lhe convier. Lá estava ela, a olhar para eles, a tocar uma melodia perfeita, com um piano macabro, com teclas feitas de ossos, ossos semi-consumidos pelas chamas, mas ainda usáveis para o recital da morte.
Lá estava ela, a tocar o C Minor, com uma clara alusão a Chopin, com a profundeza de um pianista a tocar, e a adorar a cena, a vista que se consumava. Era apenas mais um dia, caminhavam eles e só restava a pergunta, para onde caminhavam eles realmente?

Caminhariam os Homens simplesmente para a morte que observa a cena com regozijo e esplendor, ou caminham eles simplesmente para a vida, que os observa com a Harpa, a tocar uma melodia celestial, um profundo contraste com a morte, que toca com o piano uma melodia brilhante, mas com propósitos macabros.

Aprende-se nesta vida que tudo tem o seu oposto, porque haveria de ser excepção para a morte? Não será suficiente ela arrebatar as almas, e distribui-las segundo as pessoas?

Mas realmente quem serão todas essas pessoas que para lá caminham? Porque se conformaram elas com o caminho? Porque caminham elas com afinco para a morte? Que somos nós? Porquê esta bipolarização de tudo? Porquê esta maldição de viver neste mundo? Porquê existir, se ignorância e burrice, animais e morte, doenças e a maldita raça humana estão cá? A que leva isto? O que leva isto? Porquê percorrer este caminho? O que deixamos cá? Mas que raio é a vida?

Porque será que aqui estamos? Qual o propósito? No fundo somos todos maldições ambulantes e somos a morte e a vida, somos ambos, podemos decidir matar ou deixar viver, mas que poder é esse que temos? No fundo, somos todos anjos e demónios, maldições ambulantes que caminham nesta terra, que mais valia a sua destruição, do que continuarmos a infectar o universo com a nossa presença.

E caminhavam eles para a vida, pois o que vem depois da chaminé, é apenas outra vida...
Vivemos as nossas vidas como pianistas, começamos a tocar, mas um dia a música para...
Até que volte a tocar, e o caminho seja de novo percorrido para outra vida, outra morte, outra bênção, outra maldição... Ou simplesmente outro caminho...

Sem autor...

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