quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Molduras, Musas e Pinturas

Mau hábito que tive a minha vida inteira, um hábito que frustra-me, que deixa-me angustiado.
Privatização da minha essência, do meu ser, meu "true-self". Limite... odeio essa palavra.
Porque uns sao assim eu também tenho que o ser para "enquadrar-me na sociedade". Se pudesse explicar de melhor forma teria de ser assim, a minha vida foi assim: deram-me uma tela branca com uma moldura, cabia a mim pintar a tela branca sem passar dos limites, sem tocar na moldura, com estas cores que eles e elas usam e nao outras que aqueles e aquelas usam, sem tocar na moldura...


"Nunca tocar na moldura...se quizer ser como os Eles e nao aqueles nem posso aproximar da moldura... " Já nem sabia o que queria ou o que pensava. Viver com este medo inoportuno com o medo de um mau desfeixe já me queimava o cérebro.

Num dia de eterna solidão no meio da multidão apareceu-me uma... uma aquela que percebeu que nao me sentia bem ao ser limitado. Não disse-me nada, bastaram dois toque, um abraço e senti pela primeira vez que não estava sozinho e um beijo para me sentir querido, necessitado por alguém.A isto que os artistas se referem como sendo uma musa, "aquela que me cativa"(Camões)
A meu espanto a musa falou e disse-me para pintar o que queria como queria, porque nada nem ninguem obriga-me a fazer o que nao queria fazer se me fazia sentir mal...

 

Acontece que nao me aconteceu nada absolutamente nada, portanto como nao tinha nada a perder continuei a pintar fora da moldura à espera que fosse repreendido. Queria ser repreendido simplesmente queria saber o que esperava-me que era pior que esta limitação, privação, subjugação.
 


 
Então fui pintando e pintando até acabarem as minhas cores, e o que fazer quando as cores acabarem?
A musa deu-me cores, cores novas que aqueles e aquelas utilizavam...E o insesperado aconteceu: Diverti-me, divertimo-nos imenso, adorei muito fazer parte deste novo mundo que estava fora do quadro, novo mundo que esta musa apresentou-me...


Descobri, experimentei e apaixonei-me, bastou o seu toque, o seu abraço e o seu beijo para viver novas sensações coisas pela primeira vez para colorir o mundo que me era preto e branco.Sinto que posso ser eu próprio. Agora sinto me feliz.




Escrito por: Wilson Oliveira
Ilustrado por Bisco Hatori(artista de B.D. Japonesa)

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